The Thing: 1951
Talvez para muitos, a versão de 1982 do filme The Thing (Veio do Outro Mundo), realizado por John Carpenter, seja a "original" ou melhor, a primeira adaptação ao cinema de Who Goes There, a short novel da autoria de John W. Campbell publicada em 1938. Mas não é.
Este é o trailer do filme The Thing From Another World (A Ameaça) de 1951, realizado por Christian Nyby e Howard Hawks (embora este último conste apenas como produtor nos créditos do filme), sendo esta efectivamente a primeira adaptação cinematográfica deste conto sci-fi que há mais de 70 anos nos fascina.
No enquadramento sociopolitico de 1951, The Thing From Another World assenta como uma luva no contexto da Guerra Fria. A história de uma forma de vida diferente da nossa, vinda de um mundo exterior, que é uma ameaça capaz de nos destruir a todos, propagando-se através do contágio e da capacidade de copiar a nossa imagem, imiscuindo-se assim entre nós, momento a partir do qual ninguém está livre de ser objecto da desconfiança dos demais pois nunca se sabe se o nosso amigo, vizinho ou familiar não se terá tornado um "deles".
Esta premissa de um mal contagiante que é necessário destruir para que não nos destrua primeiro, tem algumas semelhanças com aquilo que se passou nalgum cinema alemão dos anos 20 e 30, que antevia a chegada de um mal, igualmente nefasto e que se propagaria através do contágio mas que pertencia a este "mundo", ainda que a uma dimensão obscura do mesmo (assim como o 3º Reich viria a ser uma ameaça surgida no seio da própria Alemanha e não vinda de um "mundo" exterior). Nosferatu, Mabuse ou Caligari são talvez os melhores exemplos deste fenómeno.
Mas para a América de 1951, a ameaça vinha de fora, da União Soviética, de um sítio estranho e longínquo, do outro lado do mundo. Tão diferente e distante que, para a maioria dos habitantes americanos (e com uma preciosa ajuda por parte de imensa propaganda governamental) não seria difícil atribuir-lhe características de um outro mundo, cujos habitantes monstruosos não só comiam criancinhas ao pequeno-almoço como tinham essa capacidade tremenda de se disfarçar de humanos e imiscuir-se entre "nós" contagiando-nos um a um com esse grande mal (no caso, o comunismo) e, tal como no filme, fazendo reinar um permanente sentimento de ameaça e desconfiança.
Mas para a América de 1951, a ameaça vinha de fora, da União Soviética, de um sítio estranho e longínquo, do outro lado do mundo. Tão diferente e distante que, para a maioria dos habitantes americanos (e com uma preciosa ajuda por parte de imensa propaganda governamental) não seria difícil atribuir-lhe características de um outro mundo, cujos habitantes monstruosos não só comiam criancinhas ao pequeno-almoço como tinham essa capacidade tremenda de se disfarçar de humanos e imiscuir-se entre "nós" contagiando-nos um a um com esse grande mal (no caso, o comunismo) e, tal como no filme, fazendo reinar um permanente sentimento de ameaça e desconfiança.
Outro aspecto interessante de observar neste filme é a oposição ideológica entre a ciência e a força militar, dois sectores fulcrais no desenrolar da Guerra Fria.
Uma verdadeira pérola para quem gosta de cinema sci-fi dos anos 50, The Thing From Another World merece ser visto por todos os fãs de The Thing (e não só), até porque assim nunca mais se esquecem de que afinal o do Carpenter não foi o primeiro.
1 Comments:
Que Classico! Bernstein
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